As lâmpadas e a Ergonomia: Teste entre fluorescentes e incandescentes
As lâmpadas e a Ergonomia: Comparação prática entre as lâmpadas fluorescentes e incandescentes.
Hoje o assunto é iluminação e foi sugestão de um dos nossos leitores, o Eng. Alcindo Donizete Rodrigues que levantou uma velha questão: a dúvida em relação a eficiência luminosa das lâmpadas fluorescentes quando comparadas às velhas incandescentes.
O assunto é realmente interessante, pois se você se aventurar pela internet em busca de informações sobre isso, vai se deparar com opiniões bem distintas, testes laboratoriais controversos e o mais interessante, muitas teorias da conspiração.
As teorias da conspiração
A mais interessante das teorias conspiratórias é a que afirma que as lâmpadas incandescentes só estão saindo de linha para que os fabricantes consigam vender mais lâmpadas fluorescentes, que são bem mais caras.
O fato é que o governo brasileiro, visando alinhar o país com as premissas do Plano Nacional de Eficiência Energética, já iniciou a proibição gradativa da produção e importação dos modelos incandescentes. Ou seja, até junho de 2017 não existirão mais lâmpadas incandescentes no mercado brasileiro.
Um pouco de história
Você já ouviu falar na lâmpada de Livermore, na Califórnia?
Essa lâmpada está acesa no Quartel dos Bombeiros há 112 anos (isso mesmo, você não leu errado). A lâmpada é uma atração turística e pode ser vista ao vivo pela internet.
A webcam instalada para monitorar a lâmpada já foi substituída várias vezes, por apresentar defeitos. Enquanto isso, ela continua lá, acesa, firme e forte.
Em 2001, quando a lâmpada completou 100 anos de uso ininterrupto, quase 1000 pessoas compareceram ao Quartel dos Bombeiros para participar da festa de aniversário.
A singela lâmpada foi criada em 1895 em Shelby, Ohio por Adolphe Chaillet que levou para o túmulo o segredo do filamento de longa duração. O fato é que a invenção de Chaillet desagradou muita gente interessada em ganhar dinheiro de maneira contínua. De modo que no Natal de 1924, empresários das principais empresas do ramo se reuniram em Genebra com um plano secreto que daria origem ao chamado Phoebus, um cartel mundial para controlar a produção e a comercialização de lâmpadas, dividindo o lucro.
Por fim, o fato é que a lâmpada de Chaillet é um sucesso inquestionável, mas ela está somente no Quartel dos Bombeiros da Califórnia e não nas gôndolas dos mercados.
Quem gostou da história e tiver interesse em saber mais sobre a chamada obsolescência programada, deve assistir ao documentário disponível noYou Tube, vale muito a pena.
Legislação brasileira
A legislação brasileira, por meio da NR-17, determina que em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
Em relação aos níveis de iluminamento dos locais de trabalho, a NR-17 determina que sejam observados os valores estabelecidos na NBR 5413 e que a medição desses níveis seja feita no campo de trabalho, onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano. Por último, a norma determina que, nos casos onde não se possa definir o campo de trabalho, este será um plano horizontal a 0,75 m do piso.
Teste prático
Apesar de existirem testes bem documentados que comparam a eficiência das lâmpadas, resolvemos fazer o nosso próprio teste e tirar as nossas próprias conclusões.
Vale ressaltar que este teste não é oficial e que ambas as lâmpadas utilizadas são homologadas pelo INMETRO, órgão responsável pelos testes e pela aprovação desses equipamentos no Brasil.
Nosso objetivo é simplesmente verificar, na prática, se a percepção de muitas pessoas – que afirmam que as incandescentes iluminam mais – tem fundamento ou não.
Nosso teste foi realizado em uma sala de 6 metros quadrados, com paredes e teto branco e piso escuro, durante a noite, de modo que o nível de iluminância com a lâmpada apagada pode ser considerado igual a zero. Utilizamos um luxímetro digital profissional devidamente calibrado.
No primeiro teste, as lâmpadas foram instaladas no spot de teto, a 2,10 m do piso. No segundo, utilizamos uma luminária de mesa, instalada a 0,30 m em relação ao tampo da mesa. Em ambos os teste a fotocélula foi mantida fixa sobre uma mesa com tampo branco e altura de 0,75m em relação ao piso, conforme determina a NR-17.
Os resultados que obtivemos, bem como os dados técnicos das lâmpadas utilizadas estão demonstrados na tabela abaixo:
(clique sobre a imagem para ampliar)
Conclusões:
Como vocês puderem perceber, a lâmpada incandescente se saiu melhor nos dois testes (teto e mesa). No primeiro, com um índice de iluminância 7% maior e no segundo, 15% maior.
Como já dissemos, nosso teste não tem homologação científica, já as lâmpadas que utilizamos tem, pois foram testadas e aprovadas pelo INMETRO. Mas, também não podemos ignorar o fato de que houve uma diferença, mesmo que pequena, no nível de iluminamento.
Ou seja, não dá para tirar a razão das pessoas que afirmam que as lâmpadas fluorescentes não iluminam tanto quanto as incandescentes, mesmo quando a potência é equivalente.
É isso ai. Abraço e até a próxima!!!
Tem sugestão de matéria? Manda pra gente! Faça como o Alcindo, que participou sugerindo este tema e ganhou um convite para o próximo Web Seminário da Ergotríade.