7 Princípios da Ergonomia para um melhor desempenho no trabalho
7 Princípios fundamentais da Ergonomia para um melhor desempenho no trabalho
Existe uma expressão em inglês chamada “ergo eyes” ou traduzindo “olhos da ergonomia”. Essa expressão parte do pressuposto que se uma pessoa conhecer os princípios fundamentais da ergonomia e colocar esses princípios em prática no dia-a-dia, jamais vai querer voltar atrás.
Conhecer esses fundamentos faz toda a diferença, pois é como se você passasse a enxergar as coisas com outros olhos, com os “olhos da ergonomia”.
É comum estudantes de qualquer área, que estão no início de um determinado curso, começarem a identificar falhas ou diferenças entre o que eles aprendem como sendo o ideal e a realidade. Um exemplo é um fisioterapeuta que vai à praia e analisa a “marcha” de uma mulher caminhando na areia ou um engenheiro que quer aplicar os princípios da matemática na vida real ou ainda um advogado que usa as “falhas” na legislação a seu favor.
A ideia aqui é a mesma, é fazer com que as pessoas leigas, ou mesmo aquelas que estão iniciando na área industrial ou já possuem alguma experiência possam olhar diferente para as mesmas coisas, e a partir dai melhorarem as condições de trabalho.
Confere abaixo os 7 principais fundamentos da ergonomia para um melhor desempenho no trabalho.
Princípio 1. Mantenha a postura neutra
A postura neutra é quando o corpo está alinhado e balanceado seja na postura sentado ou em pé. Com as articulações alinhadas, a sobrecarga é reduzida nos músculos, tendões, nervos, ossos, facilitando a biomecânica do movimento com o máximo controle e produção de força, sendo menor o risco de lesões.
Como aplicar os “olhos da ergonomia” nesse caso: Sempre que você observar trabalhos onde a biomecânica exija do indivíduo desvios posturais (articulação fora da posição neutra, como a coluna curvada ou o punho em desvio) você deve acender seu sinal de alerta e fazer as 4 perguntas básicas: qual a duração nessa postura, qual a frequência de movimentos, a intensidade da força aplicada e se há algum mecanismo de regulação (pausas e rodízios, por exemplo). Para saber mais sobre esses 4 fatores vai aqui.
Princípio 2. Respeite a zona de conforto
Existe uma relação estreita entre manter a postura neutra e respeitar a zona de conforto. De qualquer forma, vale a pena tratarmos desse princípio de forma individual.
De forma geral, esse princípio é fácil de ser aplicado. As expressões do inglês: “hand shake zone” o que traduzindo seria mais ou menos a zona onde o trabalhador pode mexer as mãos e “confort zone”, zona de conforto, resumem bem as áreas que devem ser respeitadas. Os objetos, ferramentas, comandos de máquinas, devem estar entre a linha dos ombros e a cintura de forma que o trabalhador possa mexer as mãos e movimentar objetos sem elevar os braços acima da linha dos ombros ou curvar a coluna, mantendo dessa forma uma postura mais próxima do neutro.
Qual a lição que os “olhos da ergonomia” nos deixa com relação a esse princípio? Sempre que você observar um posto de trabalho onde o trabalhador tenha que elevar os braços acima da linha dos ombros ou curvar a coluna para frente, para trás ou para os lados, esse posto deve ser repensado.
Princípio 3. Facilite a movimentação
O sistema musculoesquelético possui um “design” que facilita a movimentação do corpo humano. Trabalhos em posturas estáticas favorecem a fadiga dos músculos.
Exemplos de atividades estáticas: permanecer com os braços elevados acima da linha dos ombros, permanecer em pé a maior parte da jornada de trabalho, trabalhar com a coluna flexionada por longo tempo ou de forma repetida (abaixar e levantar o tronco).
Os primeiros minutos passam despercebidos, porém com o tempo essas estruturas mantidas de forma estáticas vão sofrendo um efeito acumulativo se tornando vulneráveis à sobrecarga e fadiga, podendo evoluir para lesões.
Dessa forma mantenha os “olhos de ergonomia” abertos à atividades estáticas e busque por programas onde o trabalhador possa realizar pausas e alongamentos antes, durante e/ou depois do trabalho.
Princípio 4. Reduza o excesso de força
Esse talvez seja um dos princípios mais básicos da ergonomia. Assim como a postura estática, a solicitação de força por parte de uma atividade pode ocasionar sobrecarga e até mesmo evoluir para um Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho ou D.O.R.T.
Existem milhares de condições onde a aplicação de força elevada por parte do trabalhador é requerida, mas a ideia aqui é chamarmos a atenção para que essas atividades sejam observadas e ao identificar que existe a aplicação de força de forma repetida ou intensa, sejam trabalhadas ações que reduzam esse esforço. Quando você reduz a força aplicada em determinada atividade você reduz, consequentemente, a fadiga e os riscos de D.O.R.T.
Formas de você aplicar os conceitos dos “olhos de ergonomia” para reduzir o esforço nas atividades: Use sistemas mecanizados, ajuste as alturas de mesas e postos de trabalho, disponibilize equipamentos e ferramentas ergonômicas, melhore o braço de alavanca de ferramentas.
Princípio 5. Reduza o excesso de movimentos
Esse definitivamente é um dos princípios mais básicos e primários da ergonomia: movimentos repetitivos.
Muitos processos produtivos são repetitivos pela própria natureza da atividade seja por ciclos curtos, pela repetitividade de movimentos de um mesmo grupo muscular ou por metas de produção agressivas e mal calculadas. Essas atividades são realizadas por horas ou dias sem o devido tempo de repouso para recuperação.
Além disso, é comum esse fator ser combinado com os demais citados anteriormente, como por exemplo: repetição, excesso de força e desvios posturais.
Dessa forma, é fundamental uma análise mais técnica, “olhos de ergonomia” mais apurados, para identificar as condições dos postos de trabalho onde haja demanda de movimentos repetitivos e eliminar os demais fatores associados bem como rever os ciclos de trabalho; efetivo de trabalhadores, recursos, metas, fatores que deixam claro a importância do trabalho multi e interdisciplinar. Além da adequada recomendação de rodízios com demais atividades (job rotation).
Princípio 6. Minimize as fontes de estresse
Existe uma preocupação com relação às bordas de mesas não arredondadas, podemos chamar alguns documentos de “laudos das quinas vivas”, uma vez que o foco todo da análise está na observação desse aspecto. Porém, outros fatores são tão ou mais graves, tais como: a distância correta entre máquinas e equipamentos, ou o contato de partes duras de máquinas e equipamentos com estruturas ósseas do corpo como: cotovelo, quadril, antebraço, punho, palma das mãos. Esse contato gera estresse, uma vez que dificulta a correta circulação sanguínea.
Exemplos de situações onde você pode utilizar seus “olhos de ergonomia”: mesas sem cantos arredondados, ferramentas sem um suporte que facilite a pega (manopla), objetos de pega pobre, falta de espaço para acomodar os membros inferiores (contato do tampo da mesa ou bancada com os joelhos, por exemplo).
Princípio 7. Iluminação adequada
Iluminação pobre é um dos fatores mais comuns encontrados nos ambientes de trabalho. Além de causar desconforto, fadiga e dores de cabeça, a falta ou o excesso de iluminação afetam também a produtividade e a precisão do trabalhador, fatores crucias em determinadas atividades como controles de qualidade, por exemplo. Além do risco de acidentes, afetando a segurança dos trabalhadores. Quando falamos em iluminância, não devemos esquecer que não é só a falta de luz, mas o excesso que traz problemas, além de reflexos no campo de visão do trabalhador ou problemas com contrates no plano de fundo (objeto branco sendo trabalhado sobre um tampo da mesa bege, por exemplo).
Os “olhos da ergonomia”, nesse caso, devem estar atentos para uma análise de iluminância combinada com uma análise ergonômica adequada, onde sejam identificados fatores como os citados acima.
O objetivo desse artigo é mostrar que a ergonomia não é um bicho de sete cabeças, e que quando trabalhada no dia-a-dia, pode trazes resultados favoráveis, tanto para os trabalhadores como para as empresas.
Daqui para frente mantenha seus “olhos de ergonomia” bem abertos e atentos aos princípios da ergonomia.
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