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A Ergonomia de uma Executiva: Por Raquel Masiero


O Dia Internacional da Mulher é uma data marcada por muita luta e sofrimento.

Tudo começou na Rússia, por volta de 1917, quando operárias se revoltaram contra as péssimas condições de trabalho e também contra a entrada do país na primeira guerra mundial.

De lá para cá muita coisa mudou. Enquanto as mulheres foram conquistando seus direitos – dos mais nobres como votar, aos mais simples como poder dirigir um caminhão – o dia, por sua vez, foi perdendo sua vertente política e se tornando mais uma data comercial.

Quando decidimos escrever uma ONE PAGE especial para as mulheres fomos atrás de informações e encontramos um livro muito interessante, produzido no Paraná e tendo como base de estudo um grupo de mulheres executivas. Estamos falando da obra “Mulheres, elas fazem história”, de Mayla di Martino.

Entre muitas coisas interessantes, a obra mostra que nos últimos 20 anos, o Brasil foi o único dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) a ter um aumento no número de mulheres que ingressaram no mercado de trabalho.

E esse aumento foi bastante expressivo, passando de 39% para 60%. Enquanto que nos demais países do bloco o número variou negativamente.

Muita coisa mudou nas últimas duas décadas

As mulheres nunca estiveram tão presentes nas empresas e, sobretudo, nos cargos de chefia. Segundo a revista VocêRH, elas já ocupam 27% dos cargos de liderança nas empresas que operam no Brasil, contra 21% da média mundial.

A força de trabalho no Brasil já está próxima do equilíbrio: As mulheres já são mais de 43% do total. E, olhem só, 28% delas trabalham em tempo integral e ganham mais do que seus maridos.

O case do Espaço MEX (Mulheres Executivas do Paraná), analisado no livro, revela que 53% delas são “centradas no trabalho”, ou seja, priorizam a vida profissional; contra 36% que se dividem entre os dois papéis e 10% que priorizam a vida familiar/pessoal.

Essa informação torna-se ainda mais interessante quando se olha para outros dados. Por exemplo, 82% dessas mulheres são casadas e 61% possuem filhos.

Ou seja, aquela velha história de que são os homens que costumam priorizar seu trabalho, deixando a casa e os filhos para as esposas, parece estar caindo por terra. 47% das mulheres que trabalham em tempo integral tem no marido a melhor opção para cuidar das crianças.

Brasil, realidade atual

A fase brasileira tem ajudado muitas mulheres a se arriscarem no mercado de trabalho e buscarem melhores posições profissionais.

Hoje, mais de um terço das vagas ocupadas por jovens nas universidades brasileiras são delas. Pela primeira vez na história, o Brasil desponta como promessa econômica. A classe D e E deixou de ser a dominante no Brasil, dando lugar à nova classe C, que abriu possibilidades para 40 milhões de brasileiros que passaram a produzir e consumir muito mais.

O mundo tem olhado para o Brasil, para o seu poder econômico e para as suas mulheres. Mas, dessa vez, não mais focado em sua beleza e sim em seu potencial profissional.

Mas o desafio de retê-las ainda é grande

Uma recente pesquisa feita nos Estados Unidos revelou que o principal motivo que leva as mulheres a interromperem ou pausarem suas carreiras são os filhos e a necessidade que elas mesmas sentem em estarem mais próximas da família.

E além disso, mais da metade das mulheres sofrem pressão dos maridos para deixarem seus empregos após o casamento e o nascimento do primeiro filho.

Essa constatação motivou, nos Estados Unidos, a criação de um movimento chamado de “Força Tarefa Contra a Evasão de Cérebros” que tem como objetivo estimular as empresas a abolirem suas antigas políticas que buscavam igualar os direitos entre homens e mulheres para desenharem modelos exclusivos para elas, que atendam às suas necessidades como mulheres e não tentem fazer com que elas trabalhem, pensem e vivam como os homens.

Fazer com que mulheres promissoras, talentosas e dedicadas ao trabalho não precisem abrir mão de suas carreiras para cuidar dos filhos e da família é o desafio das empresas que já perceberam a importância delas para a organização.

Isso tudo não é à toa. Os prejuízos dessas pausas nas carreiras femininas são grandes. Para as empresas, perder um talento pode representar a descontinuidade de projetos e alto custo na busca e reposição da vaga.

Já para a mulher, pode significar um atraso ou mesmo o fim da possibilidade de alcançar posições mais elevadas no organograma da empresa, além de salários até 37% menores que o das colegas que não pararam de trabalhar.

Mas será que, com tudo isso, vale a pena contratar mulheres?

Aqui no Brasil, toda vez que se fala em benefícios para as mulheres trabalhadoras, fala-se também do risco que isso pode representar para elas. Licença maternidade de seis meses, estabilidade na gravidez, entre outros, para alguns especialistas, pode ser um verdadeiro tiro no pé, já que isso pode desencorajar os empresários a contratarem mulheres.

Em contrapartida, dois estudos realizados ao longo de 19 anos em Harvard e na universidade da Califórnia, envolvendo as 500 empresas que compõem o Fortune 500, mostraram dados incríveis: As organizações que tinham predominância feminina obtiveram resultados financeiros de 18% a 69% maiores que as demais, onde os homens eram maioria.

A explicação para isso é sugerida por um terceiro estudo publicado na revista Science, onde o melhor desempenho das empresas com maior número de executivas estaria relacionado a um maior desenvolvimento da inteligência coletiva dentro da organização, já que as mulheres tem índices muito mais elevados que os homens nas medições de inteligência social/emocional.

Bem, esse tema, além de ser prazeroso, é extenso e daria margem para vários livros. Porém, nossa intenção já está cumprida: Homenagear as mulheres por tudo o que ela já fizeram, fazem e ainda farão para a humanidade…

Mulheres incríveis que, além de mães dedicadas, donas de casa, cuidadoras por natureza, tem se mostrado cada vez mais competentes no mercado de trabalho. Hoje, as mulheres não estão mais preocupadas em ganhar seu espaço, elas estão muito mais ocupadas resolvendo grandes problemas. Não querem e não podem mais perder tempo tentando provar nada a ninguém.

Parabéns a todas as mulheres que, de um jeito ou de outro, trabalham arduamente para manter tudo nos seus devidos lugares!

E para deixar esta ONE PAGE ainda mais completa, convidamos Raquel Masiero, Gerente de Recursos Humanos da empresa Renault do Brasil, a contar um pouco da sua experiência como executiva de uma grande empresa e mãe de família.

Confira:

A Ergonomia de uma Executiva Por Raquel Masiero

Falar sobre os desafios de ser uma executiva em grandes empresas e nos tempos atuais é quase lugar comum. Por isso ouso falar sobre a ‘ergonomia’ necessária para desempenhar este papel em paralelo aos papéis de mãe, esposa, dona de casa, estudante entre outros.

Sempre que nos propomos a encarar um desafio, devemos nos preparar para tal. Toda caminhada em determinada trilha merece alguns preparativos e cuidados. Devemos ter em conta as condições de sucesso. Nem sempre isso é tão óbvio quando nos lançamos na caminhada!

Para trilhar a carreira de executiva além dos requisitos formais como formação e alto desempenho, é necessários que se tenha minimamente uma boa ‘ergonomia familiar’. No meu caso, pude trilhar este caminho porque sempre tive comigo pessoas que me incentivaram e me proporcionaram condições para estar INTEIRA no meu trabalho: pais orientadores e impulsionadores, um esposo parceiro na ambição e compreensivo para compartilhar os sucessos e as derrotas, uma sogra ou mãe que fica no ‘backoffice’ de olho em tudo para que nada falte para os filhos amados, uma super babá dedicada. Sem isso não sei se conseguiria!

O Equilíbrio emocional e tranquilidade são ingredientes absolutamente necessários, pois não há como ser bem sucedida na carreira e na vida sem ter podido ser também a mãe participativa na educação dos filhos, uma companheira agradável para o marido, uma filha presente e uma amiga/colega com se possa contar!

Raquel Masiero Gaúcha, esposa, mãe, psicóloga, bacharel em Direito, Coach Executivo Empresarial e Gerente de RH da Renault do Brasil.

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