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7 considerações e 5 dicas a respeito da Ergonomia na NR12


Existe um conflito velado entre a turma da produção e os profissionais da área de saúde e segurança do trabalho das empresas. De um lado existe a cobrança para que novos projetos e mudanças nas disposições de máquinas e equipamentos sejam comunicados previamente para a análise e tomada de decisões.

Do outro lado existe uma insatisfação por parte do cliente interno do SESMT quando submete um projeto para ser liberado.

A expectativa é que o técnico ou engenheiro de segurança dê a benção e libere, como que num passe de mágica, algo que nem sempre é tão simples assim de ser avaliado.

Não temos a pretensão de solucionar essa questão de forma simplória com a redação desse artigo. A ideia aqui é chamar a atenção para a complexidade do assunto e dar um norte.

Mostrar alternativa para gerenciar a questão dos itens que abordam a ergonomia dentro da NR 12 que trata de máquinas e equipamentos.

Se você está no papel de cliente do SESMT, compartilhe esse artigo com os caras. Se você faz parte do SESMT, considere a adoção das considerações apontadas no texto e avalie a possibilidade de colocar em prática algumas das dicas que sugerimos.

Como fazer a coisa certa ao avaliar uma máquina ou equipamento do ponto de vista ergonômico.

As máquinas e os equipamentos desde dezembro de 2010 precisam levar em consideração as características antropométricas das pessoas (considerações a respeito das dimensões e proporções do corpo humano), desde o projeto até a operação. Isso porque a nova redação da NR-12 trouxe consigo aspectos ergonômicos que devem ser considerados em todas as etapas.

Nosso comentário: Trabalhar a ergonomia na fase de projeto é o último degrau que uma empresa pode alcançar. É o universo perfeito, o ideal, mas algo ainda pouco praticado. A dica é que a empresa, dependendo do estágio que esteja, considere formar um Time de Ergonomia, chamado também de COERGO (Comitê de Ergonomia), envolvendo as pessoas chaves, tais como manutenção, projetos, tempos e métodos, segurança do trabalho etc. Para não errar, avalie o conteúdo do curso, o tempo, a metodologia e o material didático.

Padrões posturais e força física

Entre essas considerações, estão os padrões posturais que serão exigidos para a operação dos equipamentos. Tudo pensando em minimizar as exigências de pressão, preensão, flexão, extensão, torção, desvios dos segmentos corporais, bem como reduzir a força física que o operador terá de dispender durante a operação. Ou seja, se o equipamento exigir força excessiva, terá de possuir algum sistema auxiliar que evite a sobrecarga do trabalhador.

Nosso comentário: atenção especial quanto as atividades onde haja exigência de posturas estáticas, realizando força sem movimento: braços afastados do corpo, por exemplo.

Cognição

A ergonomia cognitiva também deve ser levada em conta. Os comandos das máquinas precisam ser pensados e posicionados de forma a deixar absolutamente clara sua função, evitando interpretações erradas. O retorno da informação também tem que ocorrer de forma precisa. Ícones devem ser claros e coerentes, ou seja, a imagem do botão deve expressar de maneira clara a sua função.

Nosso comentário: cuidado com os mapas mentais, padrões pré-estabelecidos, letras artísticas, textos sem tradução, para saber mais sobre o assunto acesse nosso artigo. Quero saber mais!

Área de alcance

Os comandos recebem uma atenção especial da norma. Além de determinar que eles devem estar dentro da área de alcance do trabalhador, ainda ressalta que os mais utilizados devem estar mais próximos e que a distribuição e a identificação devem favorecer a diferenciação entre um comando e outro, evitando falhas de operação. Quanto às alavancas e pedais, a norma determina que sejam instalados de modo a favorecer a manobra de acionamento, levando em consideração as características biomecânicas e antropométricas dos operadores.

Nosso comentário: uma recomendação para atender esse item é a realização de um estudo ergonômico envolvendo um levantamento antropométrico. Mas, nem todas as empresas podem se beneficiar desse estudo… Dependendo das características envolvendo aspectos de turnover, pode ser dinheiro jogado fora.

Assentos

Em relação aos assentos utilizados na operação das máquinas, a NR-12 complementa o disposto na NR-17, ou seja, além de regulagem de altura; pouca ou nenhuma conformação na base do assento; borda frontal arredondada e encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar, os assentos também devem possuir estofamento e serem ajustáveis à natureza do trabalho executado.

Além disso, a norma ainda determina que os postos de trabalho precisam ser dimensionados de modo a permitir que as plantas dos pés se apoiem integralmente ao piso e, quando isso não for possível, que um apoio adequado seja providenciado.

Nosso comentário: nunca, jamais, em hipótese alguma saia comprando cadeiras e bancos semi sentados sem critério algum. É indispensável ter uma análise ergonômica conclusiva e clara apontando quais os postos realmente devem possuir assentos e qual o melhor modelo. Com essa informação em mãos o ideal é testar, instruir, conscientizar sobre a importância do uso, monitorar, cobrar atitude segura e por fim formalizar a coisa toda.

Postura de trabalho

A NR12 cita a necessidade dos postos de trabalho serem projetados de modo que permitam a alternância de postura e a movimentação adequada dos segmentos corporais. Ou seja, de uma maneira mais simples, o posto de trabalho deveria permitir a operação tanto na posição assentada, quanto na posição em pé, além de ter espaço suficiente para acomodação correta das pernas e a livre movimentação dos braços.

Nosso comentário: assim como ocorre no item sobre a área de alcance, atender a demanda das posturas de trabalho requer um estudo antropométrico, o conhecimento de NBRs específicas e um projeto o mais customizado possível à realidade da empresa.

Quinas vivas

As famosas quinas vivas também não ficaram de fora do texto da NR-12, elas são citadas juntamente com as superfícies ásperas e cortantes que não devem existir nas partes onde haja o contato direto do operador.

Nosso comentário: cuidado ao receber uma análise ergonômica com a recomendação para trocar partes com quinas vivas. Nem sempre medidas radicais são necessárias. Muitas vezes é possível adaptar. Porém, se você aceita ou escreve uma recomendação em um plano de ação, para o auditor aquilo passa a ser um compromisso e será tratado como uma não conformidade, até que seja resolvido.

Altura para abastecimento de tanques

Neste caso, em específico, a norma deixa claro que a altura máxima para os bocais de abastecimento de tanques e equipamentos é de 1,5 metro em relação ao piso ou à plataforma de apoio disponível para a execução da tarefa.

Nosso comentário: se todos os itens fossem claros como esse tudo seria mais fácil.

Não existe receita de bolo

Apesar do texto da NR-12 ter ampliado os conceitos ergonômicos da NR-17, em alguns pontos a regra não é clara, se me permitem um trocadilho futebolístico, ao não quantificar as determinações feitas. Um bom exemplo está no ritmo de trabalho e na velocidade das máquinas e equipamentos que, pela norma, devem ser compatíveis com a capacidade física dos operadores, de modo a evitar agravos à saúde…

Mas, qual é o ritmo ideal? Como descobrir se os padrões estabelecidos pelo pessoal de tempos e métodos não está fora dos valores considerados como ergonômicos?

Os projetistas também quebram a cabeça pela falta de informação que lhes ajudem na tomada de decisão. Em relação às dimensões dos postos de trabalho, a NR-12 determina que devem ser atendidas as características antropométricas e biomecânicas dos operadores, com respeito aos alcances dos segmentos corporais e da visão, mas mais uma vez não há números. Ou seja, quais são os pontos mínimos e máximos que devem ser considerados no projeto para que essas determinações sejam atendidas na prática?

Quanto a iluminação a norma também não cita números ao determinar que os locais de trabalho das máquinas e equipamentos devem possuir iluminação em nível adequado para garantir completa visibilidade dos detalhes, evitando zonas de sombra e penumbra ou efeitos estroboscópicos que possam interferir na visão do trabalhador. Além disso, a norma cita a necessidade das áreas internas das máquinas onde possa ser necessário o ingresso de pessoas, terem iluminação adequada mantida inclusive em situações de emergência.

Mais quantos lux são necessários para que esses itens sejam plenamente atendidos?

A resposta para essas perguntas não está na norma e gera dificuldade tanto para os profissionais que trabalham com projeto, quanto para os engenheiros e técnicos responsáveis por validar um novo equipamento do ponto de vista legal.

A seguir apresentamos 5 dicas com base nos textos descritos acima e conforme nossa experiência e conhecimentos adquiridos em diversas empresas:

1. Desenvolva as pessoas: considere formar um Time de Ergonomia com pessoas chaves dentro da área de projetos.

2. Estudos ergonômicos: estudos específicos como um levantamento antropométrico, um estudo de iluminância, estudo de PNE (pessoas com necessidades especiais) pode tanto eficiente, quanto eficaz.

3. Pensamento Poka Yoke (mata burro): elabore um checklist com os principais pontos especificados na norma; formalize um procedimento; treine as pessoas; crie padrões e acompanhe o cumprimento e o preenchimento de perto. Delegar não quer dizer se ausentar. Com isso você não corre o risco de deixar escapar algo importante na fase de projeto.

4. Tenha uma cartilha: converse com o departamento de compras para incluir no caderno de encargos especificações técnicas envolvendo os principais itens de segurança, sem esquecer-se da ergonomia, é claro. Assim você não corre o risco de passar pela desagradável surpresa de se deparar com uma máquina nova que custou R$ 1.000.000,00 e não tem proteções básicas de partes móveis ou simplesmente não facilita o acesso das pessoas.

5. Faça a lição de casa: comece fazendo uma Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho. Isso é o básico, o trivial e deveria ser o primeiro passo, o ponto de partida de sua gestão.

Esse artigo está longe de esgotar o assunto. Não é esse o objetivo. As NRs não são receitas de bolo, porque as pessoas não são iguais, as empresas não são iguais, então por que deveria existir um manual universal que resolvesse todos os nossos problemas?

É por essa razão que as normas falam em programas: PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional; PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; PCA – Programa de Conservação Auditiva e assim por diante. Porque cada caso é um caso.

Cuidado com a prática do Copy – Past. Afinal como diz um famoso ditado financeiro:

“There is no free lunch.” (não existe almoço grátis)

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